sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Economia Social, Desenvolvimento Sustentável


Assisti recentemente uma conferência que abordava tema de "Empreendedorismo Social".
Achei interessante o tema, uma abordagem de uma desenvolvimento através de empresas que não objectivam somente o lucro, mas o desenvolvimento social. Muito haveria a desenvolver acerca do tema... Gostei de ideias vindas da Holanda, conceitos pragmáticos, os exemplos de Portugal se limitavam a acções solidarias de pequena escala, aproveitamento de Câmaras municipais de fundos europeus sem mostrarem quais os resultados e outros de empresas que vieram substituir serviços municipais, assim poupando dinheiro, com uso de mão-de-obra rotativa através do rendimento mínimo de inserção Social. Em Portugal a resolução dos problemas surge por vontade e ideias de decisão do topo político ao invés de se escutar e observar problemas e sugestões das populações que vivem o problema específico que se quer resolver. Também como é hábito em Portugal, que existem sempre os "iluminados", que nada mais são os únicos que têm a oportunidade de desenvolver profissionalmente em Portugal, sobre determinado assunto, que têm a mania de opinar o que não passa de uma opinião, como se fosse a "verdade suprema", que faz parecer Portugal, uma aldeia, em que o senhor da cidade vem dizer aos comuns como devem pensar... Tendo eu visão independente, aqui mostro o que de bom observei, e acrescento o que é uma opinião. Eu português comum, que tenta ultrapassar sua ignorância, sabendo que da politica depende todos os problemas que vive, daí a vontade de fazer politica, numa ideia platónica de contribuir para um bem comum, em tempos onde reina o individualismo e o materialismo.
Em tempos em que o cidadão se afasta da Democracia, participação da resolução dos problemas colectivos, chama-lo a participar na decisão da resolução dos seus problemas directos, seja ao nível de rua, bairro, município ou região, faz aumentar a sua auto-estima, aumenta seu sentido cívico, sendo que esses cidadãos conhecerão muito melhor os problemas que vivem, do que burocratas num escritório a quilómetros de distância.
Não seria interessante formar-se grupos multidisciplinares para estudo de resolução de determinados problemas, se deslocarem ao "terreno" falarem com as pessoas, para conhecer, ouvir sugestões? Assim estes poderiam montar projectos específicos a aplicar, acompanhar e corrigir? Gostei muito da expressão "Safari", em que o grupo se desloca numa carrinha até ao local para saber e conhecer. Interage directamente com as pessoas, forma grupos de discussão locais. Um grande problema é quando este apenas é abordado quando o topo de decisão politica o decide, quando muitas vezes existem outros problemas na sociedade mais eminentes, mas que não existe a precepção da decisão politica, ou o desconhecimento da realidade faz com que se tomem decisões não produtivas com perda de recursos financeiros. Assim as pessoas sentem que os políticos não querem saber destas pessoas e que apenas são chamados a votar e dar poder. É preciso mudar...
Um conceito é Empresa Capitalista versus Empresa Social. Minha formação académica em nada tem haver com economia, mas no que entendo... A empresa Capitalista, apenas se preocupa com o capital, o lucro, que tem de ser imediato para satisfazer os investidores, que não procuram lucro daqui a 25 anos, pois se calhar até não são vivos, este tem de ser o mais rápido possivel ou então garantido sem riscos. Estas empresas vivem para o imediato, numa luta de concorrência, não olhando sequer para o problema das pessoas, assim a sociedade vive para a Economia, enquanto que deveria ser a Economia a servir a sociedade, para uma prosperidade justa, diminuição de injustiças, pobreza e conflitos sociais.
A empresa Social, será uma empresa que visa um lucro que é Social. Este conceito é complexo, sendo que muitas vezes não existe uma forma de quantificar directamente um ganho social. Por exemplo, uma família que tenha uma agricultura familiar, não tem um ganho directo de dinheiro, mas por outro lado poderá ter uma ganho indirecto, pela não despesa, em bens alimentares que obtém com menos despesa. Passar para algo mais global, um ganho Social, é o que de facto se assemelha com o conceito de Desenvolvimento Sustentável, como em tempos li, em que se baseia neste principio, "o prejuízo à sociedade no estabelecimento de uma actividade económica, nunca poderá ser superior ao lucro que esta representa à comunidade". Será um conceito talvez subjectivo, mas por exemplo, são plantados num território milhares de oliveiras, são quantificados o lucro que esta dará, emprego, lucro da venda... Mas se depois de 25 anos ocorrer a erosão dos solos, transformando-os em desertos, impossibilitando a agricultura, será que esta é uma actividade produtiva para o território? Eu creio que não. Então uma empresa social, será aquela que permite o desenvolvimento humano, financeiro das populações, para que a longo prazo estas continuem a desenvolver, até outras actividades económicas derivadas da primeira. Vi exemplo de uma cooperativa que tinha desenvolvido negócios na área da industria, comercio, serviços, que leva a um desenvolvimento económico global. Sendo que a diversidade económica local, sempre permite resistir a crises oscilantes cíclicas relacionadas com determinadas actividades económicas. O desemprego pela crise de uma actividade, poderá ser absorvido para outras actividades económicas, localmente existentes. Note-se que à séculos, Portugal é um país de emigrantes...
Obviamente que é interessante uma economia que se desenvolva sozinha, sem intervenção do Estado, mas como se pode observar em Portugal, poucos são os empresários que estão dispostos a correr sozinhos o risco do estabelecimento de uma actividade e quando surge a crise é o Estado com o dinheiro dos contribuintes que vai ter de resolver o "problema", o "mercado" por si, não resolve o problema, pois vive numa lógica do lucro imediato sem olhar para o futuro, sendo que as empresas capitalista apenas observam o lucro financeiro para seu grupo.
Uma criança só anda sozinha se for estimulada a tal, pois será natural preferir ser levada ao "colo". Se o Estado não deve intervir na Economia, este não pode ser o "sofá" dos capitalistas. Antes o Estado deve regular o funcionamento da economia, e sim estimular e desenvolver até participar na criação de empresas sociais, pois o desenvolvimento social é um ganho para o país. Mais emprego, melhor bem estar, aumento da receita, sendo que estimula também a iniciativa individual.
O governo de um país não se pode limitar a objectivos de 4 em 4 anos, se na história tivemos a lição dos Descobrimentos, foi em projectos a longo prazo, audazes, que nos levou à gloria, que falamos à 500 anos, com orgulho, mas sem a sabedoria de saber como tal foi possível.
Me parece que iniciativas do Estado Português são "castradas" pela União Europeia, pelos grandes países que vivem numa perspectiva egoísta de desenvolvimento económico clássico, desenvolvimento de uns à custa dos outros. Modelo que leva sempre às crises de sempre, aos confrontos de sempre. Portugal não pode esperar que os outros façam por si o que tem ele mesmo de fazer por si. Dentro do espaço Europeu temos de formar alianças com países em situação igual, para obrigar a uma desenvolvimento harmonioso europeu. Creio que não seria bom voltarmos ao império Romano, onde Roma passa a ser a Alemanha/França. Tem de haver espaço ao desenvolvimento económico local. Se no animal o maior é o mais forte, o racional usa a razão, onde esta é mais forte que a força. Esse é o caminho da Humanidade, onde a solidariedade não é apenas uma palavra.
Que tal em Portugal trazermos de fora pessoas com ideias inovadoras? Eu gostei muito de uma Holandesa, de suas ideias, métodos e até sua forma de explicar e ensinas, chama-se Chris Sigaloff, a apresentou "Métodos para a Mudança social".
Só teremos um Portugal forte, quando as suas regiões se desenvolverem. Só teremos uma Europa forte, quando todos os seus países se desenvolverem.
Palavra interessante "só se pode ver o presente com o olhar no futuro. Olhar só para o presente não haverá futuro".

2 comentários:

  1. Bom dia! Já agora, essa conferência com Chris Sigaloff foi onde? No âmbito de alguma iniciativa? Obrigada, Catarina

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  2. Foi no Porto, já algum tempo, dia 27 de Janeiro, organizado pela Universidade do Porto, teve lugar na EGP. Peço desculpa pela demora na resposta.

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